1 - A ESCADARIA DA PREFEITURA

Notícia surpreendente sobre a escadaria da Prefeitura, foi comprovada pelo geólogo Antonio Teodorovicz, do Serviço Geológico do Brasil, quando  trabalhava  na cidade  analisando  a possibilidade e adequabilidade de ocupação na região norte. O mármore da escadaria, que muitos pensavam ser italiano, é da região do Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais, chama-se mármore estromatolítico e tem 2,2 bilhões de anos. Nós pisamos em uma estrutura muito  antiga.

Os estromatólitos são estruturas primitivas e raras, constituídas pela ação de bactérias e  por um complexo processo de fotossíntese. Foram responsáveis  pela formação de nossa atmosfera rica em oxigênio  e  nos possibilitou a Vida. Imagine que esses pequenos organismos macroscópicos foram responsável pelo oxigênio que nos mantém vivos. Esse processo ocorreu na origem  do planeta Terra, há 4 bilhões de anos. Essas estruturas de estromatólitos, formadas pelo acumulo de camadas sucessivas de bactérias, endurecidas ao morrer, quando então, se transformavam em  rochas. Elas  mantém uma forma de  montículos arredondados, que é visível no  mármore da escadaria.

O mármore estromatolítico, com esta rara e surpreendente formação, tem 2,2 bilhões de anos e nós, cidadãos da cidade podemos admirar e nos surpreender com a beleza de sua forma e pensarmos que já foi um organismo vivo. A natureza é maravilhosa. E a geologia esta em basicamente todas as explicações da nossa Vida na Terra.

O MuMA quer fazer o projeto Caminhos Geológicos  Botucatu, com pontos turísticos interessantes, que traga o conhecimento e cultura para o  nosso patrimônio geológico, desenvolvendo  um turismo sustentável. A escadaria da Prefeitura Municipal pode ser o Ponto 1.

2  - TURISMO SUSTENTÁVEL

O turismo sustentável deve esta na base do turismo de aventura. Exige atenção e urgência esta cultura do turismo que não respeita o meio ambiente. Nada contra o lazer alheio, mas este não pode ser em detrimento e à custa do patrimônio geológico. Para alguns, a busca por emoção no lazer, impõe um sucessivo aumento de  adrenalina. O mais evidente exemplo, é  usar a Cuesta,  por sua geomorfologia acidentada e lindas paisagens, para andar em alta velocidade de jipe, gaiola  ou moto.

Fiquei surpresa ao saber que foi  requerido a  abertura de   Inquérito Civil na Promotoria de Habitação e Urbanismo para apurar obstrução de via pública no Sítio Bela Vista em Pardinho. Não entro no mérito se é ou não via pública, pois caberá à  Promotoria a investigação.

No entanto, ouso opinar, como conhecedora do local, onde a terceira geração de proprietários colhe seu sustento, com pequena plantação de café e poucas cabeças de gado leiteiro. A  alegada obstrução de via pública, corta este sítio ao meio, atrapalhando o pasto do gado, assustando as galinhas e perturbando a paz de seus moradores. A “desobstrução” é para permitir que  jipes.gaiolas e motos de “aventura” possam transitar ali. O lugar tem   paisagem  deslumbrante,  onde é possível ver o patrimônio geológico “gigante deitado”.  E é também acidentado, ao gosto dos praticantes desse tipo de “turismo”.

A Cuesta sofre mal uso de muitas formas, mas os jipes, gaiolas e motos conseguem um grau de depredação rápida e de pouca fiscalização. Uma situação  preocupante!

Berenice  Balsalobre é advogada e ambientalista