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09/07/2017
Para governos, mulheres são incompetentes.
Por Érick Facioli


É comum ouvirmos que a política é machista e é dominada pelos homens. Quando analisamos a situação mais profundamente é possível observar uma realidade muito mais intensa do que apenas creditar ao machismo a recusa da ideia de igualdade dos direitos entre homens e mulheres, como descreve a maioria dos dicionários. A melhor definição talvez esteja no Aurélio, que afirma se tratar da “ideologia segundo a qual o homem domina socialmente a mulher”.

É comum ouvirmos políticos utilizando expressões que valorizam as mulheres, como o famoso “todos e todas” dos cumprimentos. Os partidos políticos e até a Justiça Eleitoral também fazem campanhas na TV com o objetivo de incentivar a participação feminina na política.

Na verdade, uma simples análise dobre a importância que os políticos eleitos dão as mulheres revela uma situação de intensa dominação masculina. E eu não estou aqui nem me referindo ao modo que o todo poderoso presidente americano, Donald Trump, enxerga as mulheres.

Vamos aceitar, num primeiro momento, que a maioria das mulheres, de fato, não se interesse pelos cargos eletivos da política. Basta lembrar que existe uma exigência legal para que pelo menos 30% das vagas no legislativo sejam destinadas às mulheres. E o que vemos em muitos casos, são candidaturas fictícias apenas com o objetivo de cumprir a lei. Porém, o fato de não serem candidatas, não significa que não tenham competência para atuarem como gestoras em funções de primeiro escalão, como ministérios ou secretarias.

Sendo assim, se levarmos em consideração o discurso de igualdade defendido pela maioria dos políticos e as propostas apresentadas durante as campanhas, não seria difícil imaginar uma participação feminina semelhante à masculina nos principais cargos de confiança as administrações públicas.

Mas, não é isso o que acontece. Os números revelam um cenário em que a mulher é parece ser incompetente para ocupar cargos importantes. E o que mais choca é passividade da sociedade em relação ao fato. Muitos desses governantes se perpetuam no poder mantendo uma visão machista sobre a participação feminina na política e, mesmo assim, continuam sendo reeleitos com muitos votos de mulheres.

No governo ilegítimo de Michel Temer, aquele da esposa “bela, recatada e do lar”, segundo a capa da revista Veja, não há nenhuma mulher ocupando o cargo de ministra.  Isso mesmo, nenhuma! Até aí nenhuma novidade, Temer representa o que há de mais conservador e machista da política.

Em São Paulo a situação não é muito diferente. O tucano Geraldo Alckmin, que se mantém no poder a décadas, acredita que apenas duas mulheres são competentes para ocuparem uma das 25 secretarias existentes em seu governo. O mais incauto poderia pensar: e na administração “moderna e eficiente” de João Dória na Prefeitura de São Paulo? Quantas mulheres são secretárias? Três!

Quando descemos ao nível municipal, o cenário não melhora. Nas 15 secretarias de Mário Pardini, que chegou a Prefeitura com uma imagem descolada do político tradicional, apenas uma é ocupada por mulher.

Infelizmente, para uma parte dos homens que ainda vê as mulheres como acessório, a situação é bastante confortável.

 

Érick Facioli é jornalista, professor no ensino superior, especialista em Gestão de Cidades e mestrando em Saúde Coletiva.luna

Artigo publicado na coluna Pontos e Contrapontos do jornal Diário Botucatu




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